27 de janeiro de 2008

DESSA VEZ

Dessa vez eu vou. Dessa vez eu acho melhor ficar
Dessa vez eu juro que não fico quieto. Dessa vez é melhor deixar rolar
Dessa vez vai ser diferente. Dessa vez é melhor deixar as coisas com estão
Dessa vez eu vou ser duro. Dessa vez eu vou tomar uma decisão
Dessa vez eu fazer tudo de outro jeito. Dessa vez eu prometo não estragar nada
Dessa vez eu vou deixar o bom senso de lado. Dessa vez eu fazer a coisa mais acertada
Dessa vez eu prometo não me esquecer. Dessa vez pode confiar em mim
Dessa vez eu vou dizer tudo que sinto. Dessa vez não vou negar fogo
Dessa vez não vou me fazer de indiferente. Dessa vez vou fazer tudo de novo
Dessa vez vai. Dessa vez não vá fazer besteiras
Dessa vez, só dessa vez, fique. Dessa vez não diga asneiras
Dessa vez diga a verdade. Dessa vez eu vou até o fim
Dessa vez é sem volta. Dessa vez vão se orgulhar de mim
Dessa vez é cada um por si. Dessa vez vou ser obrigado a insistir
Dessa vez não vou desistir tão facilmente. Dessa vez, a gente não pode ir
Dessa vez eu vou ficar na minha. Dessa vez quem vai é você
Dessa vez eu vou pagar na mesma moeda. Dessa vez é matar ou morrer
Dessa vez não tem vez pra ninguém. Dessa vez tudo é com todo mundo
Dessa vez eu sou mais eu. Dessa vez vou ser primeiro e não o segundo
Dessa vez eu enfrentarei os meus medos. Dessa vez eu não sei mais o que faço
Dessa fez eu vou dizer o que está entalada na garganta. Dessa vez eu sei que não escapo

19 de janeiro de 2008

Poema no Poste 3

Mais alguns poemas que colei nos postes da cidade


Tudo está guardado na memória
Todas as histórias da sua história
Todas as histórias da sua vida
Todas as vidas vividas agora

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Hoje será passado amanhã
Somos hoje o que amanhã teremos
Hoje vivemos o hoje. Hoje erramos

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Nós que aqui lutamos
E perdemos
Ainda queremos
Viver o que sonhamos

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Girassol ao meio-dia
A pino, amar-elo
Despetala a afazia

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Torquato, você me chama
E eu quero ler seu poema
Você não reclama
Pois vê que meu coração se contenta

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Um só, ilha
Dois, istmo
Três, família
Quatro, pares
Cinco, aí já é quadrilha

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A luz do novo dia
Me entristece
Prefiro a outra luz que erradia
Quando escurece
A luz vermelha da sangria
Que ao meu paladar apetece

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Corre vagabundo
Corre solto pelo mundo
Sabe que não pode parar
Pois a inércia de um segundo
Para a vala pode te levar

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Sou de carne e osso
Revolta e desgosto
Fruto de um tempo
De injustiça e sofrimento

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A felicidade saiu pra comprar cigarro
E nunca mais voltou
E só hoje, de depois de muito tempo,
É que eu lembro de nunca ter sabido
Que a felicidade fumava

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Passo sobre a ponte e tremo
Pego o elevador e tremo
Penso na linda mulher e tremo
É sempre assim quando
Eu não tomo o meu remédio

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Tenho tudo quanto é possível ter
Para poder dizer que não tenho nada
Tenho à mão todas as palavras
do dicionário
Para descrever o quanto o silêncio
é sagrado
Tenho esperança suficiente para jogar
Mas não tenho a sorte suficiente
para ganhar

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Sou levado pela inconstância da vida,
Pelas intermitências da minha fé
Pela ignorância do que não se explica
Pelo medo de quem não sabe o que quer

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Ela olhava para os próprios olhos
refletidos no espelho e os via vermelhos
de tanto chorar
pelo amor não vivido,
pelo coração partido;
Por tudo aquilo que a fez sofrer
por tanto amar;

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Eu sou eu mesmo
Eu sou minha mãe e meu pai
Eu sou os dois: a goiabada e o queijo
E o beijo de “boa noite” e “durma em paz”

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Eu sozinho desde menino
Encerrado dentro de mim mesmo
Lutando contra o destino
De ir seguindo de qualquer jeito
Sem saber pra onde
Sem saber aonde
Me encontrar

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Sou um cão vira-lata
Sem latas para virar
Então me viro pelo avesso
Procurando algum jeito
De, a mim mesmo, desvirar

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Os jornais noticiam fatos de
um outro mundo
Os livros estão escritos em outro idioma
A luz não ilumina mais esse
abismo profundo
A flâmula que se ostenta é a da vergonha

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Tudo parece menos feio visto de longe
Toda canção soa distante aos ouvidos
Não é mais sabido onde a paz se esconde
Já são todos apenas rostos desconhecidos

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Esquecidos, abandonados e indesejados
Um continente de miseráveis e heróis
Um contingente de guerreiros subjugados
Uma nação dividida, uma ferida que dói

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Mas eis que se aproxima o tempo
da mudança
Quando todos conhecerão, ainda que
pela dor,
O poder, ou a conseqüência,
da destemperança
De quem nunca reagiu, de quem sempre
se calou

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Quando esse novo tempo chegar,
talvez será
Tarde demais para muitos dos que
hoje exploram,
Julgam e condenam, porém, a sua
hora chegará
E quando, de joelhos, pedirem clemência,
não a terão

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Não se trata apenas de vingança,
não é esse o caso
A questão é outra, bem mais poderosa
e legítima.
Pelo que se tem lutado, o que tanto tem
sido rogado
Não é a esmola, a migalha, o resto,
mas sim a justiça.

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Passou por um
Passou por dois, por três
E a torcida vibrou
Com o gol que ele não fez

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Trabalhar todo dia
Toda hora
Assim é a vida
De quem não tem
Vida própria

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Vou-me embora
Pra dentro de mim
Entrar para fora
Começar pelo fim

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Today é o dia do meu happy end
Se é que você me understand
É hoje que o my love dirá yes
Ao meu pedido de wedding
I will be de joelho a seus pés
Tomado pela emoção do happening

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Trabalho como um burro
E vivo engolindo sapos
Mas um dia eu juro
Que ainda vou cantar de galo

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Ei amizade, levanta a cabeça e se sacode
Cabisbaixo assim você só vai
É ficar triste e bater em algum poste

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Qualquer hora é hora
Qualquer lugar é lugar
Então que seja agora
A hora da gente se amar

14 de janeiro de 2008

Poema no poste 2

Deixo aqui alguns dos poemas que andei colando nos postes, aos poucos em coloco todos aqui:


No poste o poema
E na testa o dilema:
Poesia é ou não
Solução para o problema?

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O sol tá quente?
Então esfrie a cabeça
Feche os olhos e pense
Em sombra e água fresca

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Tá com frio?
Então se aqueça
Pense no amor febril
Que dá um arrepio
Dos pés à cabeça

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Não olhe pra trás
Siga sempre em frente
Lembrar do passado
É esquecer o presente

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Amor pode durar pouco
Mas se ele for bem louco
É como se durasse uma eternidade
É ou não é verdade?

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Cada um na sua
E você na minha
E por essa estreita rua
De mãos dadas a gente caminha

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O buraco é mais embaixo
Eu sei
E é lá que eu me encaixo
No meio

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Ei você, pare pra pensar
Mas não pense em parar
Pois pensar em alguma coisa
Já é chegar em algum lugar

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No sonho, o pombo esmigalhava o pão
No despertar, o pão era eu
E o pombo era o mundo!

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Custou muito caro não ser ninguém
Pois o ninguém achava que era alguém
E outro ninguém acabou pagando o pato
Porque o pé-de-pato é gente também

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Quando, pela primeira vez,
Eu vi a foto de Che Guevara
Eu me perguntei:
“Pra onde será que ele olhava?”

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Se abre um vão
entre meus pensamentos
E é nesse lapso ininteligível
Que se encontra o prazer espasmódico
da perda dos sentidos

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Não consigo esquecer
Nem perdoar
Quem me fez sofrer
Quem quis me magoar
Sou sofredor
E por convicção digo não
Aos que dizem sim
Sou assim por opção
E optei pelo meu fim

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Ouvi uma salva de tiros,
É carnaval antecipado;
Também ouvi uma nuvem de gritos,
E a cada ano dura mais o dia de finados.

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Que horas vãs!!
E pior é ver que as horas
Transformaram-se em dias
E os dias transformaram-se em anos
E os anos foram em vão
E a vida vã foi só um vão no mundo

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Não sou homem nem mulher
Sou a insaciável sede de sangue
Que seca minha estreita garganta

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Não sou branco nem negro
Sou vermelho como a chama
Que flameja nos meus olhos

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Não sou ateu nem cristão
Sou o tempo cinza e melancólico
Que me castiga nos dias tediosos

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Não sou moral nem imoral
Sou ilha, atol, à toa, atordoado
Guiado por desejos irrealizados

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E que não ouse alguém duvidar
Do poder que tem quem não tem
Nada a perder
Alguém, por tudo querer, sem nada poder
Tudo pode por nada temer

Quem nada tem a perder
Tem tudo que precisa

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Quero ter a certeza do seu amor por mim
E que agora seja um fim,
para recomeçarmos sempre assim
Eu sendo seu, você sendo minha
Abraçados, sabendo que é junto
que se caminha
Pela vida afora, para sempre e por agora

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Você já tem o meu emprego,
Você já tem a minha mulher,
Você já roubou meu dinheiro;
E o que mais ainda você quer?

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Você usa o meu nome,
Você vive a minha vida,
Você sente a minha fome
E se sacia com a minha comida
O que eu fui, agora você é
E o que mais ainda você quer?

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Você mora na minha casa,
Você veste as minhas roupas,
Você cortou as minhas asas
E tem todas as minhas coisas
O que mais ainda você quer
Além de já ter o que quiser?

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Você detêm minha memória
Você é dono da minha história
Você sabe tudo que eu sei
Você teve êxito aonde eu errei
O que mais ainda você quer?
Quem realmente você é?

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Hoje esse frio é de todo mundo
Mas o calor que aquece os corações
é de ninguém
Todos temos força; nos pertence,
por um segundo,
Essa coragem de tentar fazer o bem

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Ninguém é dono do que pertence
a todos
Quando todos sabemos ser uns iguais
aos outros

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Não tenha medo do medo que você tem
Não tenha medo de mim nem de ninguém
Não tenha medo nem pena
Não tema o que lhe apequena

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Não acredito em nada
Que não seja uma mentira bem contada
Nunca duvido do que não acredito
E nenhuma verdade me convence
de verdade

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Estou cansado de tantas explicações
Não faz sentido o que tenho ouvido
Existem teorias, filosofias, religiões
Existem razões e delas eu duvido

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Nada vale a pena
Por isso mesmo
Tudo por ser tentado
E ainda que a alma seja pequena
Menor é o medo
De ter de volta o que nos foi roubado

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Ninguém pode deter
A desmedida força
De quem não tem nada a perder
E ainda que a história se repita
Só o que importa
É a coragem de quem ainda acredita

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Tudo é possível
Quando nada é provável
Tudo é incrível
Quando nada é provável

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O tempo e o espaço
São inverdades
Real é o sonho
O amor e a saudade

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Insistir num erro é errar de novo
O que foi feito, o que foi dito
Tudo que foi vivido
Não pode ser refeito ou esquecido

6 de janeiro de 2008

NO POSTE O POEMA

Poesia no poste
E o espinho d’água no ar
Ignorância e sede de saber
Existe uma necessidade.
A necessidade de se sentir vivo, de existir,
De se comunicar, de fazer alguma coisa, sei lá eu
Simplesmente é estranho ver e sentir tanta vontade de se expressar
E só existirem coisas para se vender, nos sendo empurradas goela abaixo nos postes, nas ruas, outdoors, cartazes, faixas e painéis
Por essas ruas onde passamos quase todos os dias de nossas vidas
Nada para se vender ou comprar; nada para querer ou desprezar
Apenas mais uma voz a gritar que não estamos sozinhos
Nós: os desprezados, os perdidos, abandonados, desesperançados
Sem dinheiro nem ideais, sem rumo nem amor
Sem nada, mas desejando as estrelas, admirando o firmamento
Tentando sobreviver em meio a esse caos dos dias de hoje

Já se perguntou qual o sentido da vida?
Já achou que sua vida não tinha rumo certo?
Já se perguntou por que estamos aqui?
É claro que já
Já se fez essas e muitas outras perguntas
Mas, já chegou a alguma conclusão, a alguma resposta lógica?
Eu não.

Vale a pena viver a vida que vivemos?
Assim, desse jeito, meio desajeitadamente; sem saber pra onde ir, o que querer; querendo o que os outros dizem que temos que querer, sonhando sonhos alheios, e impossíveis.
Vale a pena não viver a vida que realmente queríamos viver?
Fazer o que nos dá prazer e satisfação; que não nos cansa e sim nos revigora; aquilo que faz com que nos sintamos úteis e realizados.

Somos seres jogados nesse mundão sem fim, e se acabando
Somos os desacreditados; desacreditados por eles
Eles quem?
Escolha quem são eles
Eles que não nos escutam
Eles que não se importam conosco
Eles que nos subestimam
Eles que tentam nos impedir de evoluir, de sermos melhores
Eles, os preconceituosos, os racistas, os canalhas, os que detêm aquilo que não merecem
Eles que não são como nós
Mesmo que nós não saibamos ao certos quem somos nós

Não há nada de novo debaixo do sol, só o próprio sol cada vez mais quente, queimando tudo que estiver sob ele.
Não há novidades desconhecidas para serem contadas. Mas as mesmas velharias não nos interessam mais.
Não há muita coisa para ser dita
Mas uma coisa que precisa ser dita, mesmo que essa coisa já seja sabia por todos:
Não é preciso ser poeta para fazer poesia
Não é preciso ser músico para fazer música
Não é preciso é preciso ser artista pra fazer arte
Para fazer tudo basta estar vivo e ter alguma mínima disposição

Estar vivo não é apenas comer, dormir e respirar
É mais do que isso
É sonhar o sonho realizável
É não se vender
É não achar que todo mundo tem um preço
É não ser alienado
É não querer o que não tem valor
É valorizar aquilo, e aqueles, que realmente deve ser valorizado
É ter alguma coisa inexplicável dentro de si
É crer que é possível, sim é possível, é possível, é possível…
É entender que ser é mais do que ter
Ser e não ter
Ser, ser sempre.
Seja.
Tenha consciência do que é ser
Ter, não
Ser, sim
Seja feliz

Vai
Vai ser feliz
Invente um significado para a felicidade e vá atrás dela
Como diria o poeta Drummond: vai ser gauche na vida!
Vai ser diferente
Vá ser o contraponto
Contrarie as estatísticas
Dê a sua própria versão para a sua história
Faça sua voz ser ouvida e ouça as vozes que têm algo de útil para dizer

Vá e não olhe pra trás
Tente fazer parte da solução, e não do problema
Nunca é tarde para dizer que ainda é cedo
Nunca é tarde
Não queira o que eles querem que você queira
Não seja o que eles querem que você seja

Faça e consuma poesia
Faça e consuma literatura
Faça e consuma música
Faça e consuma filmes
Faça e consuma arte
Faça e consuma amor

Faça a sua parte!

5 de janeiro de 2008

PEDAÇO DE PAPEL

Dinheiro é um pedaço de papel, já cantou Arnaldo Antunes
E por esses pedaços de papel muita gente faz muit coisa
Por esses pedaços de papel muita gente se animaliza
Por esses pedaços de papel muito animais são mortos e sua pele, seus dentes e sua carne é vendida
Com muita quantidade desses pedaços de papel, muitas pessoas se acham melhores do que são, e outras se acham inferiores.
Pedaços de papel de muitas cores: verdes, azuis, cor salmão, amarelas; e usam desenhos de animais para estampá-los.
Pedaços de papel
Pedaços de gente
Por esses pedaços de papel, muita gente compra, muita gente se vende.
Por não ter esse pedaço de papel, muitas coisas úteis e necessárias são negadas para muitas pessoas
As pessoas deram aos pedaços de papel o poder de dar um preço a quase tudo, a quase todos, mesmo que quase todos neguem ter um preço.
Por ter muitos desses pedaços de papel poucas pessoas podem comer do bom e do melhor, e pela falta deles, muitas pessoas passam fome e ficam desabrigadas.
Pedaços de gente
Sonhos despedaçados
Os pedaços de papel transformaram muitas pessoas em máquinas, e deram às máquinas uma importância maior do que as próprias pessoas deveriam ter.
Os pedaços de papel transformaram muitas coisas supérfluas em artigos de primeira necessidade e pessoas necessárias em seres supérfluos.
Para arrecadar cada vez mais pedaços de papel eles nos impõem impostos, taxas, cobranças
Exigem de nós o que não podemos dar e não nos dão o que deveríamos ter por direito
Por esses pedaços de papel o que foi verbalmente acertado não vale, só vale o que está escrito e registrado oficialmente em outros papéis. Papéis de ofício
Por esses pedaços de papel só damos valor a esses pedaços de papel
Sonhos despedaçados
Desesperadas criaturas
Mundo despedaçado
Tudo em pedaços por causa desse pedaços de papel

3 de janeiro de 2008

ANO NOVO DE NOVO

Mai um ano
Mais pedidos sendo feitos
Mais coisas deixadas por fazer
No ano que passou, agora tudo é passado
E nos prometemos não fazermos mais tantas promessas
E as promessas do ano passado que fiquem por lá, sem terem sido cumpridas

Mais um ano
Mais pedidos que serão negados
Mais coisas ainda por fazer
Nesse ano que se inicia agora, tudo finge que é novo
Fingimos, mas sabemos que as promessas que fazemos, não as cumpriremos
Mas fazemos promessas mesmo assim, só por fazer
Jogar no futuro aquilo que no presente já parece passado

Mais um ano
Como tantos outros milhares
Às vezes perdemos a conta dos dias, dos meses; às vezes.
Às vezes nos perdemos
Às vezes achamos que não estamos perdidos
Achados e perdidos
Pedidos e despedidas
No ano novo é sempre assim
Como tantos outros milhares

Mais um
Um ano novo
Um novo
Um amais
Mais um novo amais
Sempre gostamos de pensar assim
Que, de um dia para o outro, outra vida nascerá
Assim gostamos de pensar
Por isso continuamos pedindo, prometendo, comemorando

Ano novo de novo
De novo aqui estaremos
Fazendo promessas
Fazendo de conta
Achando coisas
Perdendo outras
Pedindo muito
Fazendo muito pouco
No ano velho ou no ano novo