8 de fevereiro de 2017

BANALIDADE SOBRE A MORTE - by Kiko Zampieri





Ainda nos sentimos tristes, pesarosos e indignados, quando uma pessoa próxima vem a falecer e a intensidade depende da maneira como ocorreu a morte. Se for de repente, um infarto fulminante, sentimo-nos perdidos, o chão parece sumir, nos questionamos, como pode acontecer estava tão bem ontem. Se é por violência ou acidente, ficamos estarrecidos e revoltados, como pode acontecer com ele, era tão bom, tão amigo, ser for um jovem então, os comentários ficam mais tensos. Exigimos punição da justiça, cobramos e mal falamos das autoridades, o governo não presta, é corrupto, a polícia tem medo dos marginais e o gosto da vingança escorre por nossos sentimentos.
Isso tudo quando acontece dentro do nosso rol, quando fora já temos uma outra visão, tudo vai depender da mídia e do acontecimento. Vamos pegar o exemplo do acidente aéreo com o time da Chapecoense, foi e ainda é, uma comoção mundial. Esse já é um bom motivo para que também nos comovemos, queremos fazer parte dessa dor, normal, faz parte do ser humano bem informado. Vemos na TV as famílias emocionados e desesperadas e tomamos inconscientemente o lugar delas, as comemorações, a solidariedade, doações vindo de todo mundo, ficamos aliviados de fazer parte de tudo isso. Mas.
E as mortes que não são televisionadas e com pouca importância, chacina na África, atos terroristas sem imagens de crianças sujas e feridas, as 75 pessoas mortas no Espírito Santo, são dores tão passageiras, pois não fazem parte da rede televisiva e não dão tanto Ibope.
Será que estamos perdendo a noção do quanto vale um sofrer por uma morte, por mais distante que estejam de nossos olhos, mas não de nossos ouvidos. Será que a vida de um assassino dentro de uma cadeia e morto pelos próprios colegas dão mais Ibope do que essas pessoas do bem que tem suas vidas ceifadas por puro prazer ou demonstração de poder.
Acredito que muitos seres humanos ainda precisam aprender sobre essa banalidade sobre a morte e até mesmo sobre o riso de uma piada, pois parece que o Bullying é muito mais engraçado que uma piada inteligente.
Só para lembrar, os esquecidos e mal informados, as cidades onde estavam os Campos de Concentração Nazista, tinham uma vida normal, enquanto homens, mulheres e crianças eram torturados e cremados vivos.