Ainda nos
sentimos tristes, pesarosos e indignados, quando uma pessoa próxima vem a
falecer e a intensidade depende da maneira como ocorreu a morte. Se for de
repente, um infarto fulminante, sentimo-nos perdidos, o chão parece sumir, nos
questionamos, como pode acontecer estava tão bem ontem. Se é por violência ou
acidente, ficamos estarrecidos e revoltados, como pode acontecer com ele, era
tão bom, tão amigo, ser for um jovem então, os comentários ficam mais tensos.
Exigimos punição da justiça, cobramos e mal falamos das autoridades, o governo
não presta, é corrupto, a polícia tem medo dos marginais e o gosto da vingança
escorre por nossos sentimentos.
Isso tudo
quando acontece dentro do nosso rol, quando fora já temos uma outra visão, tudo
vai depender da mídia e do acontecimento. Vamos pegar o exemplo do acidente
aéreo com o time da Chapecoense, foi e ainda é, uma comoção mundial. Esse já é
um bom motivo para que também nos comovemos, queremos fazer parte dessa dor,
normal, faz parte do ser humano bem informado. Vemos na TV as famílias
emocionados e desesperadas e tomamos inconscientemente o lugar delas, as
comemorações, a solidariedade, doações vindo de todo mundo, ficamos aliviados
de fazer parte de tudo isso. Mas.
E as mortes
que não são televisionadas e com pouca importância, chacina na África, atos
terroristas sem imagens de crianças sujas e feridas, as 75 pessoas mortas no Espírito Santo, são dores tão passageiras, pois não fazem parte da rede
televisiva e não dão tanto Ibope.
Será que
estamos perdendo a noção do quanto vale um sofrer por uma morte, por mais
distante que estejam de nossos olhos, mas não de nossos ouvidos. Será que a
vida de um assassino dentro de uma cadeia e morto pelos próprios colegas dão
mais Ibope do que essas pessoas do bem que tem suas vidas ceifadas por puro
prazer ou demonstração de poder.
Acredito que
muitos seres humanos ainda precisam aprender sobre essa banalidade sobre a
morte e até mesmo sobre o riso de uma piada, pois parece que o Bullying é muito
mais engraçado que uma piada inteligente.
Só para
lembrar, os esquecidos e mal informados, as cidades onde estavam os Campos de
Concentração Nazista, tinham uma vida normal, enquanto homens, mulheres e
crianças eram torturados e cremados vivos.