11 de dezembro de 2009

TRISTEZA? MELANCOLIA?

Às vezes, a gente parece que procura motivos, e eles sempre existem, para ficarmos, ou permanecermos, num constante estado de melancolia (os médicos psicólogos e psiquiátricos classificam esse estado de melancolia mesmo; depressão é tratada como doença e não apenas como estado de espírito momentâneo ou somente psíquico), onde as coisas parecem não fazer sentido, como se nada de novo, de bom e útil acontecesse conosco; enfim, a eterna sensação de pasmaceira, de ansiedade e espera, ou esperança de que algo irá, deverá, poderá e terá que acontecer em nossas vidas para alterar de alguma forma nosso cotidiano tão sem-graça.

E vamos, pouco a pouco, nos enchendo de um vazio que não é preenchido mais facilmente, num desconfortável acomodamento e num estado de desesperança e de vitimização no atual estado das coisas.


Acho que, de certa forma, essa é uma forma de escapismo; se pôr na condição de vítima, de inocente, de perseguido pela vida e por seus acontecimentos. Na realidade, cruéis somos nós conosco; é mais cômodo talvez reclamar do que nos acontece do que aquilo que fazemos para que nos aconteça o que nos acomete. Pensei nisso quando andava pelas ruas e vi um homem parado, fumando, e presa à sua cintura havia uma sonda, já com um pouco de líquido amarelo. Pensei nas coisas da minha vida, nas coisas e sentimentos ruins, nesse meu vazio, nesse meu desamor, nessa minha dolorosa solidão, e pensei que, se além de tudo, eu ainda tivesse que usar um troço daquele na minha cintura, sugando minha urina, ou se eu não tivesse parte do meu corpo, se fosse cego, ou paraplégico, ou qualquer outro tipo de deficiência ou infortúnio que deus, vez por outra, por seus misteriosos e insondáveis motivos nos impõe.



Nessas horas a gente se sente até mal por ver que nossos problemas são menores do que os vemos. É claro que todos temos o direito de nos sentirmos mal, tristes e melancólicos. Se temos o direito de sermos felizes, também temos o direito de nos resguardar na dor e na amargura que nos toma o coração em certos momentos da vida.


Detesto quem diz que temos de ser alegres só porque existem pessoas em situações piores e continuam alegres e felizes. Sinceramente, o que os outros sentem não me interessa, assim como, já percebi, não interessa aos outros o meu sofrimento; pelo contrário, cada vez mais as pessoas estão se fechando em seus mundinhos egoístas e pouco se importando com o mundo ao redor.


Mas, sempre é bom ver o mundo com um olhar mais amplo, vendo o todo, assim, quem sabe, às vezes, a gente possa relativizar as coisas que parecem tão ruins.

É possível rir de tudo, inclusive, e principalmente, das nossas próprias agruras.







8 de dezembro de 2009

O CAMINHO

Existe um caminho pelo qual seguimos sem saber que o seguimos.
Um caminho que muitas vezes é feito por nossos próprios passos.
Outras vezes seguimos indicações alheias, e é nessas horas que, quase sempre, nos perdemos.
O caminho é longo, achamos que não chegaremos ao fim, sem suspeitarmos que esse caminho, de fato, não tem fim. Ele não acaba, nós é que acabamos, morremos, enquanto o caminho continua sendo seguido por outros.
Às vezes, o caminho se desdobra em outros caminhos, cada qual podendo nos levar a lugares inesperados, ou velhos conhecidos, onde rememoramos doces lembranças ou amargos e dolorosos sentimentos.
Os caminhos, trilhas.
Procuramos atalhos; queremos cortar caminho.
Caminhos tortuosos, cheios de espinhos.
Caminhos onde caminhamos de mãos dadas, ou sozinhos.
Passamos por nosso passado, tentando a cada instante refazer nosso possível futuro.
E seguimos em frente, mesmo cansados, mesmo com a relutancia de quem quer desistir.
Mesmo sem saber aonde vamos, e se vamos chegar.
O destino do homem é caminhar.
Caminhar pelo caminho.
O caminho do nosso próprio destino.