31 de dezembro de 2006

Retrospectiva remissiva

A morte de Sadan Hussem, de Pinochet, de James Brown. Ataques terroristas em São Paulo, Rio de Janeiro, Iraque, Israel, Palestina. O fracasso da seleção brasileira na copa do mundo de futebol, o bicampeonato do Brasil no volei; a reeileição do Lula por mais quatro anos. A esquerda chegando ao poder nos países da américa latina. A bienal do livro, a primavera das letras, um emprego temporário, a aposentadoria do Agassi, os originais do meu primeiro livro enviado para algumas editoras, e aparentemente nenhuma se mostrou até agora interessada, o novo livro do Cony, do Rubem Fonseca, do Ferréz, do Marcelino Freire e de muitos outros escritores, discos de vários artistas, muitos filmes, dos quais não lembro quase nenhum. Pra falar a verdade, eu não lembro de quase nada desse ano, e cada vez mais esqueço do outros; minha memória está se perdendo quase por completo. Um ano a mais, um ano a menos, parece cada vez menos importar. Enfim, veremos se o ano que se segue será diferente, é só estar vivo para ver.

23 de dezembro de 2006

Proposta Natalina

Nestas festas de fim de ano, que tal mudar um pouco o enfoque da data e o tipo de presentes?
Ao invés de comprar um tênis nike, por que não comprar um livro?
Ao invés de roupa, bijuteria, eletroeletrônicos, perfume e calçados, por que não encher a árvore de natal de livros, amigos, sonhos e serenidade?
E se não lhe custar nada, no dia 25, abra um pouco o coração e preste uma homenagem ao ilustre aniversariante em questão. Os que nele acreditarem, é claro.
Até.

18 de dezembro de 2006

O MESTRE



Depois de três anos sem lançar uma obra inédita, o mestre Carlos Heitor Cony volta à carga com mais uma obra genial, com um humor que se compara a outras obras anteriores como O PIANO E A ORQUESTRA e PILATOS. Dessa vez ele vem com O ADIANTADO DA HORA, uma, como ele mesmo definiu, rapsóodia & farsa, cheia de personagens exóticos, lendários, como só o maior autor que já li poderia criar, e criou. Mais de oitenta anos de vida, quinze romances lançados, quatro vezes vencedor do prêmio Jabuti, duas vezes o de Livro do Ano, pela Câmara Brasileira do Livro, prêmio Machado de Assis, concedido pela Academia Brasileira de Letras, Pêmio Nacional Nestlê de Literatura e membro da Academia Brasileira de Letras, é autor de verdadeiras obras-primas da literatura brasileira onde imperam a decepção, um amargor deliciosamente temperado de ironia e humor, fúria e ressentimento. Cony é um autor brasileiro, mundial, clássico, de uma densidade psicológica, que faz um retrato perfeito de si e do mundo que lhe cerca. Tomei conhecimento de sua obra da maneira mais espontânea possível, numa livraria, aleatoriamente peguei um livro de bela capa de uma nova edição; e esse livro era justamente o mais louco de todos, PILATOS. Daí pra frente, fui seduzido e corri atrás do tempo perdido. E se acaso alguém ainda não teve esse privilégio de lê-lo, por desconhecê-lo ou por não ter nenhum interesse específico, eu recomendo com todas as honrarias que não percam mais tempo e mergulhem nesse universo maravilhoso que é a literatura de CARLOS HEITOR CONY.

Outras obras do MESTRE:

O VENTRE; ANTES, O VERÃO; PILATOS; MATÉRIA DE MEMÓRIA; O PIANO E A ORQUESTRA; QUASE MEMÓRIA; INFORMAÇÃO AO CRUCIFICADO; BALÉ BRANCO; PESSAH: A TRAVESSIA; TIJOLO DE SEGURANÇA; A VERDADE DE CADA DIA; A CASA DO POETA TRÁGICO; A TARDE DA SUA AUSÊNCIA; ROMANCE SEM PALAVRAS

Entre muitos outros...

14 de dezembro de 2006

Paranóia

Existem fantasmas; fantasmas que esperam a noite cair, fantasmas que esperam o frio chegar; fantasmas que aproveitam o silêncio noturno; fantasmas que sibilam pelas costas para chamar a atenção, que passam como vulto, sem se mostrar. Em lugar nenhum e por isso mesmo onipresentes, eles se camuflam por trás dos latidos dos cães, nos distantes e esparsos tiros de armas de fogo nas ruas, nas goteiras das torneiras e chuveiros, nos talheres que caem da pia no meio da noite, no disparo do motor da geladeira, no ranger das portas, nos ruídos dos insetos que rastejam procurando comida. Os fantasmas são irrequietos e perseguidores.
Pode-se negar a existência desses fantasmas, mas eles existem crendo-se em sua existência ou não; eles dão ordens, fazem perguntas, sugerem loucuras, pedem o que você não pode dar, suplicam uma nova chance, ofendem aos berros, reclamam de tudo e todos, dão sugestões, dizem o que fariam se estivessem no meu lugar, me chamam de covarde, de tolo; dizem que não há mais tempo. Eles dizem que o barulho que vem do céu é do avião que está prestes a cair na minha cabeça; dizem que alguém pode me empurrar na linha do trem se eu ficar em cima daquela linha amarela; eles dizem que algum carro desgovernado pode invadir o ponto de ônibus onde estou e me atropelar. Eles gostam de me pôr medo. E antes do amanhecer chegar eles vão se indo, desaparecendo sem que eu saiba precisar quando eles me deixam só, mas com a certeza de que, quando a noite chegar, lá estarão eles novamente me atormentando a alma, fustigando meu espírito e espicaçando minhas poucas certezas. Esses fantasmas são mais paranóicos do que eu mesmo.

10 de dezembro de 2006

Primeiras Audições



Nas primeiras audições do novo disco de GOG, AVISO ÀS GERAÇÕES... é possível se constatar o grau de consciência política, social e de linguagem do rapper brasiliense. Impossível não ser tocado pela faixa extremamente emotiva QUANDO O PAI SE VAI...; ou não se ligar na mensagem da primeira faixa MALCOLM "X" FOI À MECA... GOG AO NORDESTE. Mas do que raiva e revolta, desconsolo, culpa e pessimismo, GOG prefere olhar pra frente, passar uma mensagem centrada na razão e no coração de cada um daqueles que o ouvem. Vale muito a penar ouvir e conhecer este que, na minha opinião, é um dos maiores, senão o maior, nome do rap no Brasil.

5 de dezembro de 2006

O Tratado do Babaovismo 6

O baba-ovo:

  • É infantilizado, sempre acha que ainda tem doze anos de idade;
  • É invejoso; não se agüenta de recalque ao ver um colega ter sucesso em algo que ele não consegue;
  • Ama o que faz, só que, o que ele faz, é ser espírito de porco;
  • É covarde e dissimulado; tem profundo medo de quem lhe parece superior;
  • É paupiteiro, gosta de dar pitacos no serviço alheio;
  • Mesmo sendo um completo desconhecido, o baba-ovo acha que pode ser íntimo e te tratar como um amigo de infância;

Paro por aqui este pequeno tratado, não por falta de assunto (esta é uma fonte inesgotável), mas sim por já estar de saco cheio de todos os baba-ovos que me rodeiam no meu trabalho (e fora dele também). Mesmo curto, este tratado serve para dar uma idéia do que sejam os baba-ovos, embora seja até desnecessário, pois todos nós, alguma vez na vida, já topamos com um baba-ovo.

3 de dezembro de 2006

O Tratado do Babaovismo 5

O baba-ovo:

  • Se sacrifica em troca de migalhas: uma promoção, um tratamento diferenciado por parte do chefe, um elogio insignificante, etc.;
  • Faz de tudo para agradar quando quer algo em troca, nem que seja só atenção;
  • Joga um verde: tece comentários maliciosos sobre determinada pessoa e espera que você faça o mesmo para que ele faça o seu joguinho de entrigas;
  • Tem a mente insondável, nunca se sabe o que ele realmente está pensando;
  • Costuma ficar sempre do lado da empresa do que dos funcionários; pensa mais no dono da empresa do que em si próprio;
  • Não tem muitos amigos fora da empresa, não tem muito o que fazer fora da empresa; na verdade, o baba-ovo não tem vida própria fora da empresa, é por isso que ele é um baba-ovo;

Continua...

1 de dezembro de 2006

O Tratado do Babaovismo 4

O baba-ovo:

  • Outorga para si a autoridade de chefe quando este não está presente; mas quando o chefe chega, o baba-ovo põe o rabo entre as pernas e se recolhe à sua insignificancia;
  • Detesta o silêncio, gosta de tagarelar suas idiotices nos ouvidos de todos, até que a paciência de todos se esgote;
  • Gosta se meter na vida pessoal dos seus colegas de trabalho;
  • Se regojiza ao ver outra pessoal se dando mal ou em apuros e nada faz para ajudar;
  • Sempre toma a iniciativa quando o assunto é mostrar serviço ao chefe sem que essa iniciativa signifique realmente uma eficiência no serviço;
  • Tem o hábito de pôr a culpa nos outros pelos erros cometidos por ele;

Continua...