30 de setembro de 2012

LET'S ROCK



Deixemos de lado as frases feitas e o discurso auto-comiserativo
Deixemos para trás o passado e o seu peso
Deixemos as culpas e mágoas pra lá e saiamos ilesos
Livremo-nos das ilusões que nos cegam
Vivamos o tempo presente
Sigamos nossos própios passos e não o que nos pregam
Façamos uma coisa de cada vez
E, de vez em quando, um pouco de tempo pra pensar
Vamos viver como se deve
Sem dever ou cobrar nada a ninguém
Viver o agora e não além
Estar aqui e não aquém

Hey ho Let's go, let's move
right here e right now!!!!!!
All right fellas!!!


23 de setembro de 2012

MAZEL TOV (Conto)

"Depois de muito refletir, cheguei à conclusão do que devo fazer".
"É mesmo?".
"Tenho planos".
"Planos?".
"Sim".
"E o que pretende fazer, então?".
"Amanhã vou acordar cedo e, como nunca antes, estarei desperto, animado e esperarei o nascer do sol; receberei os primeiros raios do sol de um novo dia com a esperança, antes combalida, agora renovada. No peito haverá a certeza de que algo melhor está reservado para mim. Tudo que até então deu errado, dará certo. O sucesso vai sorrir para mim, e a felicidade estará mais próxima de se tornar real e duradoura. A tristeza de hoje, essa melancolia e essa dor no coração será amainada pela luz de um dia que servirá de prenúncio para um novo tempo; um tempo de novas possibilidades, de menos incertezas. Um tempo de mais paz de espírito. Tomarei um café da manhã reforçado, com tudo que qualquer pessoa tem direito; comerei até me fartar, sabendo que os dias em que passei fome e vivi na miséria ficaram para trás. Assim como ficará para trás toda a raiva, o rancor e todas as mágoas de tudo e de todos que, de alguma maneira, me machucaram; faz parte do plano. Sairei nas ruas, sentirei o calor, a brisa, o vento quente, estarei livre, desprendido de qualquer coisa ou sentimento que possa me prender. Ouvirei os sons que antes me ensurdeciam. Serei atento ao belo que sempre esteve ali, fulgurante aos meus olhos, mas que antes não queria, ou estava disposto a ver. O belo, o prazeroso, o agradável ao paladar e às narinas; à tudo estarei ávido e aberto. Cumprimentarei todo e qualquer estranho na rua, farei favores a desconhecidos, agradecerei a favores que ninguém me fez; distribuirei sorrisos e gestos cordiais. E direi o que penso sem me achar ingênuo ou inepto; darei opiniões e pedirei conselhos, pedirei mais uma chance e oferecerei meu ombro para o consolo de qualquer infortúnio alheio. Vou cantarolar os versos de uma música que não existe; tirarei quem cruzar meu caminho para dançar a valsa vienense. Direi que sim, existe o céu, que Deus existe, que ele nos ama e que dará uma nova vida a qualquer um queira e que se redima de tudo de errado que tenha feito até então. Direi sim aos que disseram que sou louco, insano, ridículo. Sou isso mesmo; isso e não apenas isso. Darei um basta aos sentimentos que me oprimem; me libertarei de tudo que me apequena, inclusive o medo de errar, o medo de ter medo, o medo de qualquer coisa que seja. Exercitarei ao extremo a arte do desapego. Viverei os dias que me restam da forma como acho de devo vivê-los, e não como até agora, seguindo as indicações de quem não sente o que sinto, nem sofre o que sofro. Darei eu mesmo o norte à minha vida. Escrevei poemas, declamarei salmos; erguerei monumentos à amores e causas legítimas e impossíveis. Brindarei ao nada que fui, que sou, que tenho e ao futuro que não me pertence. Farei tudo à exaustão, até o fim, até o osso, até o talo; sempre no volume máximo, sempre exibindo o coração partido à frente, sem temer o não; sem fingir indiferença, sem gaguejar, sem tropeçar nas palavras, sem trançar as pernas e sem cair de quatro. Andarei com os pés descalços, tomarei banho de chuva e perderei a vergonha na cara. De hoje em diante a toada vai ser essa, sem meio termo, meias palavras, ao sabor do vento e do destino".
"É isso?".
"Sim; o que acha?".
"Bem, só posso lhe dizer uma coisa".
"O que?".
"Mazel Tov".