18 de março de 2016

SÉCULO 21 OU SÉCULO 03?




No século III, um maluco persa chamado Mani fundou uma religião baseada no dualismo, o Maniqueísmo, que divide o mundo entre Bom e Mal, Deus e Diabo; Luz e Trevas. Sem meio termo. Para ele, a fusão dos dois mundos, luz e trevas teria originado o mundo material, essencialmente mau. Uma completa alucinação.
Pois bem, 18 séculos depois, no nosso país, vivenciamos a prática cotidiana dessa alucinação inventada por um louco persa. Dividimos o país entre bons e maus, certos e errados, e termos pejorativos e desqualificadores como esquerdopatas radicais e coxinhas neoliberais. E cada lado defende sua “verdade” com unhas e dentes, ministérios e manifestações. No fundo, toda essa situação demonstra o quanto estamos longe de uma maturidade política e ideológica, e sobretudo, institucional. Um dos problemas que mais assola o país é a falta de educação e cultura, e em contrapartida, todos viraram filósofos, cientistas e opinadores sobre ideologias políticas, sociais e históricas nas redes sociais. Quem dedicou tempo para realmente “estudar” as origens e consequências da nossa situação política e social?
A coisa virou briga de moleques, para saber quem tem mais razão. Quem está certo. Quem está errado. E parece obrigação estar de um dos lados, e defendê-lo de todas as formas, sem ouvir nem ponderar, tendo até mesmo que ofender e menosprezar os “inimigos”, que outrora deveriam ser apenas “adversários”. E tudo acaba parecendo um embate desarrazoado, pois a situação econômica, social, educacional e cívica caótica em que vivemos é fruto, justamente, desse embate partidário.
Engana-se quem acha que há alguma ideologia envolvida, alguma causa social, algum viés nobre ou preocupação real com nosso futuro enquanto nação. Virou questão pessoal, de firmar ponto de dele não se demover.
Desanima constatar que o cenário político continuará lastimável, independente de quem lá permaneça ou lá seja retirado, entre ou saia, substitua ou seja substituído. E desanima mais ainda vê que a política foi transformada em disputas como as de torcidas de futebol.
Enquanto isso, lá em cima, onde está o poder, o que interessa a eles é apenas como ficará a dança das trocas de cadeiras, pois o poder são sairá das mãos, e bolsos, dos mesmos de sempre, até que uma “reforma política de verdade” seja feita, e não apenas a troca de um partido político por outro.

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