No século
III, um maluco persa chamado Mani fundou uma religião baseada no dualismo, o
Maniqueísmo, que divide o mundo entre Bom e Mal, Deus e Diabo; Luz e Trevas. Sem
meio termo. Para ele, a fusão dos dois mundos, luz e trevas teria originado o
mundo material, essencialmente mau. Uma completa alucinação.
Pois bem, 18
séculos depois, no nosso país, vivenciamos a prática cotidiana dessa alucinação
inventada por um louco persa. Dividimos o país entre bons e maus, certos e
errados, e termos pejorativos e desqualificadores como esquerdopatas radicais e coxinhas neoliberais. E cada lado defende sua
“verdade” com unhas e dentes, ministérios e manifestações. No fundo, toda essa
situação demonstra o quanto estamos longe de uma maturidade política e
ideológica, e sobretudo, institucional. Um dos problemas que mais assola o país
é a falta de educação e cultura, e em contrapartida, todos viraram filósofos, cientistas
e opinadores sobre ideologias políticas, sociais e históricas nas redes sociais.
Quem dedicou tempo para realmente “estudar” as origens e consequências da nossa
situação política e social?
A coisa
virou briga de moleques, para saber quem tem mais razão. Quem está certo. Quem está
errado. E parece obrigação estar de um dos lados, e defendê-lo de todas as
formas, sem ouvir nem ponderar, tendo até mesmo que ofender e menosprezar os “inimigos”,
que outrora deveriam ser apenas “adversários”. E tudo acaba parecendo um embate
desarrazoado, pois a situação econômica, social, educacional e cívica caótica
em que vivemos é fruto, justamente, desse embate partidário.
Engana-se
quem acha que há alguma ideologia envolvida, alguma causa social, algum viés
nobre ou preocupação real com nosso futuro enquanto nação. Virou questão
pessoal, de firmar ponto de dele não se demover.
Desanima constatar
que o cenário político continuará lastimável, independente de quem lá permaneça
ou lá seja retirado, entre ou saia, substitua ou seja substituído. E desanima
mais ainda vê que a política foi transformada em disputas como as de torcidas
de futebol.
Enquanto isso,
lá em cima, onde está o poder, o que interessa a eles é apenas como ficará a
dança das trocas de cadeiras, pois o poder são sairá das mãos, e bolsos, dos
mesmos de sempre, até que uma “reforma política de verdade” seja feita, e não
apenas a troca de um partido político por outro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário