8 de janeiro de 2014

Se as Pessoas te Elogiam, pode Ser uma Profissão?


Texto de Inge
No último Fantástico, programa de domingo à noite da Globo, o grande consultor de empresas e empreendedorismo: Max Gehringer disse que se você recebe elogios a respeito de algo, isso pode ser considerado como uma opção de profissão. Mas isso pode ser levado em consideração quando estamos falando de artes?
Antes de decidir por Administração de Empresas, fiz Design Gráfico e assustada com o mercado de trabalho, decidi que era melhor apostar em algo que poderia ser menos suscetível do que uma carreira artística. Hoje em dia, depois de alguns anos trabalhando na área que escolhi, começo a me perguntar se estava realmente certa nessa atitude.
Somos ensinados a recusar nossos talentos desde cedo, treinados no modelo do que é produtivo (seja um engenheiro! Seja um mecânico! Seja um contador! Não seja professor! Não seja músico! Não seja um artista!). É fato que existe uma pequena parcela que quer o mundo artístico pelo dinheiro fácil e a carreira meteórica, deixando para trás todos os ensinamentos que grandes artistas nos deram nos séculos passados.
Nossa veia artística definhou?
Somos tão necessitados dessa riqueza material que até o que há de mais profundo, metafórico e rico da nossa cultura ― a música, a pintura e a escrita, tomaram um significado raso e sem sentido? Lendo as considerações iniciais da nova versão de O Pistoleiro, da série A Torre Negra de Stephen King, notei que até mesmo os grandes autores, que se tornaram mitos, sofrem com essa angústia.
King, um autor pop como ele mesmo gosta de se identificar, disse muito sabiamente que o interesse dele não era ser o melhor, o mais fantástico, sua necessidade no momento da escrita era tocar quem estivesse lendo. Era entrar no coração dos seus leitores e fazê-los repensarem, sentirem, chorarem, tremerem e rirem. E ele o faz com maestria. A História de Lisey (LOVE) é uma de suas obras mais profundas e com muita delicadeza, ele conseguiu fazer com que pequenas expressões do nosso dia-a-dia ganhassem um significado monstruoso.
Os autores nacionais e internacionais têm escrito muito da mesma coisa, a famosa ficção pop para entretenimento. Certo, entreter é bom, mas é só isso? Nada nunca me fez crer que por algum motivo tolo, um livro não deve ensinar algo, afinal para que escrevemos se não queremos expressar nossa opinião ou mesmo defendermos nossa hipótese? Mesmo poemas e HQs defendem uma ideia. Mesmo um quadro tem um ponto de vista.
As carreiras artísticas, que antes eram destinadas a alguns poucos e bons, atualmente graças a tecnologia se alastraram e permitem que todos produzam. Alguns com mais qualidade e refinamento e outros galgando os primeiros passos ou mesmo apenas se divertindo.
É errado desejar uma carreira artística? Não, mas é traiçoeiro. O mundo das artes é negro e cruel, apesar das cores e dos sorrisos, é um lugar sujo e mesquinho onde pessoas lutam por um mínimo lugar ao sol, um toque da fada da fama.
E há outras pessoas, como eu, que acham que a arte não é algo para ser encarado com tanto ódio e agonia, que produzir arte é como ver um sonho realizado. É algo libertador e não mais uma angústia para o nosso dia-a-dia, e por isso a grande maioria escolhe a opção do hobby.

E você leitor, que tipo de artista você é?

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