Texto de Inge
No último Fantástico,
programa de domingo à noite da Globo, o grande consultor de empresas
e empreendedorismo: Max Gehringer disse que se você recebe elogios a
respeito de algo, isso pode ser considerado como uma opção de
profissão. Mas isso pode ser levado em consideração quando estamos
falando de artes?
Antes de decidir por
Administração de Empresas, fiz Design Gráfico e assustada com o
mercado de trabalho, decidi que era melhor apostar em algo que
poderia ser menos suscetível do que uma carreira artística. Hoje em
dia, depois de alguns anos trabalhando na área que escolhi, começo
a me perguntar se estava realmente certa nessa atitude.
Somos ensinados a
recusar nossos talentos desde cedo, treinados no modelo do que é
produtivo (seja um engenheiro! Seja um mecânico! Seja um contador!
Não seja professor! Não seja músico! Não seja um artista!). É
fato que existe uma pequena parcela que quer o mundo artístico pelo
dinheiro fácil e a carreira meteórica, deixando para trás todos os
ensinamentos que grandes artistas nos deram nos séculos passados.
Nossa veia artística
definhou?
Somos tão
necessitados dessa riqueza material que até o que há de mais
profundo, metafórico e rico da nossa cultura ― a música, a
pintura e a escrita, tomaram um significado raso e sem sentido? Lendo
as considerações iniciais da nova versão de O Pistoleiro, da série
A Torre Negra de Stephen King, notei que até mesmo os grandes
autores, que se tornaram mitos, sofrem com essa angústia.
King, um autor pop
como ele mesmo gosta de se identificar, disse muito sabiamente que o
interesse dele não era ser o melhor, o mais fantástico, sua
necessidade no momento da escrita era tocar quem estivesse lendo. Era
entrar no coração dos seus leitores e fazê-los repensarem,
sentirem, chorarem, tremerem e rirem. E ele o faz com maestria. A
História de Lisey (LOVE) é uma de suas obras mais profundas e com
muita delicadeza, ele conseguiu fazer com que pequenas expressões do
nosso dia-a-dia ganhassem um significado monstruoso.
Os autores nacionais e
internacionais têm escrito muito da mesma coisa, a famosa ficção
pop para entretenimento. Certo, entreter é bom, mas é só isso?
Nada nunca me fez crer que por algum motivo tolo, um livro não deve
ensinar algo, afinal para que escrevemos se não queremos expressar
nossa opinião ou mesmo defendermos nossa hipótese? Mesmo poemas e
HQs defendem uma ideia. Mesmo um quadro tem um ponto de vista.
As carreiras
artísticas, que antes eram destinadas a alguns poucos e bons,
atualmente graças a tecnologia se alastraram e permitem que todos
produzam. Alguns com mais qualidade e refinamento e outros galgando
os primeiros passos ou mesmo apenas se divertindo.
É errado desejar uma
carreira artística? Não, mas é traiçoeiro. O mundo das
artes é negro e cruel, apesar das cores e dos sorrisos, é um lugar
sujo e mesquinho onde pessoas lutam por um mínimo lugar ao sol, um
toque da fada da fama.
E há outras pessoas,
como eu, que acham que a arte não é algo para ser encarado com
tanto ódio e agonia, que produzir arte é como ver um sonho
realizado. É algo libertador e não mais uma angústia para o nosso
dia-a-dia, e por isso a grande maioria escolhe a opção do hobby.
E você leitor, que
tipo de artista você é?
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