26 de julho de 2006

20 ANOS DO CABEÇA



Em Abril de 1986 foi lançado no Brasil aquele que reputo como o maior disco de rock do país. É porrada do início ao fim; apontando o dedo nas feridas mais profundas da sociedade brasileira. O disco abre com a música que dá título ao LP, Cabeça Dinossauro, no qual os Titãs fazem uma adaptação do "Cerimonial para afugentar os maus espíritos" dos índios do Xingu. Depois segue AA UU, que me fazia, e ainda me faz, lembrar dos tempos em eu trabalhava dez horas por dia numa metalúrgica, entre maquinários e seus sons intermitentes e ensurdecedores, graxas, querosene, estopa, molas, uniforme azul-escuro, botas de borracha e um crachá com uma foto onde parecia que eu tinha acabado de perder minha alma. A terceira faixa é Igreja, onde Nando Reis teve a coragem de cantar os versos "Eu não gosto de Bispo/Eu não gosto de Cristo/Eu não digo amém." dizem que, quando essa música era tocada pelo grupo, Arnaldo Antunes, que fora contra a gravação dessa música, saía do palco, voltando depois para continuar o show. A quarta música (talvez a melhor de todas?) é a clássica Polícia, obrigatória em todos os shows. Seguem-se Estado Violência, A Face do Destruidor e Porrada, que é simplesmente sensacional. Depois vem Tô Cansado e Bichos Escrotos, que teve, na época, sua radiodifusão e execução pública proibidas pelo "Departamento de Censura e Diversões Públicas da S.R. do D.P.F." quem tiver a curiosidade pode ver no encarte do LP ou do CD remasterizado. Família é a música, digamos assim, mais light do disco, depois vem Homem Primata, um hino, que Sergio Britto já confessou que não tem mais saco para cantá-la hoje em dia. Dívidas é a penúltima, e menos conhecida, faixa do album. A música que fecha o disco é O Que, a melhor expressão da influência da poesia concreta na música de Arnaldo Antunes. O LP foi produzido pelo excepcional produtor musical Liminha, que teve fundamental importância na concepção e arregimentação do disco. Para os fãs, como eu, é tempo de comemoração e expectativa para o lançamento do material comemorativo prometido pela banda que revolucionou o rock tupiniquim. Viva os Titãs!

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