POETA NO ESPELHO
Onde estais poeta?
Que pela madrugada inquieta
Manchais a folha branca e virgem
Buscando encontrar as origens
Dos sentidos de seus sentimentos.
Procurando nesse exato momento
Viajar pela insólita fantasia
Que te absorve e extasia
Confundindo a vossa mísera realidade
Com a mais pura das insanidades.
Uma realidade em contas gotas
Como uma poesia triglota.
A da mente. A da mão. A do coração.
E como um intrépido artesão,
Ides discursando como num senáculo
Profetizando como num oráculo,
Cada vocábulo em tinta fresca.
E com uma voracidade dantesca,
Tentais mostrar apenas o que é permitido
Ocultando o que é comprometido.
Vós quereis o real!
Mas tendes apenas o surreal.
Por não podeis usar o tato,
Tocais sempre apenas o abstrato.
Nem mesmo sentes o perfume que dela exala
Restando a vós apenas a harmala.
(extraída da Revista Espinho D’água – No. 2)
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