7 de maio de 2014

CIRURGIA PLÁSTICA É PARA O CORPO. E PARA A ALMA?



Hoje no salão o papo era sobre cirurgia plástica. Mulheres aflitas em terem a fisionomia de 10, de 20 ou de 30 anos atrás, para poderem recuperar a sua auto-estima e desfilar para suas amigas e novos namorados, algumas até para o próprio marido e assim apimentarem um casamento quase desgastado pelo tempo e pela rotina.
No decorrer do papo, a maior preocupação, era o de enfrentar um bisturi e os procedimentos pós-operatórios, afinal os riscos são os mesmo de uma cirurgia cardíaca. Quanto a necessidade, as opiniões eram bastantes divergentes. algumas rebatiam que era por pura vaidade, outras defendiam as que eram para restauração de alguma deformidade física e a maioria era favorável pela auto-estima, aquela que a mulher vai perdendo com o avançar da idade. Lembraram que os homens enfrentam melhor a velhice, nessa questão,  mas alguns já estão procurando a cirurgia e outros procedimentos de rejuvenescimento.
Até que em um determinado momento da fervorosa discussão, uma voz se ouvir no final do salão, uma mulher com mais ou menos quarenta anos, novata no salão, pois não a reconheci, disse calmamente: Há cirurgia plástica para a alma? Um breve silêncio imperou pelo salão, até as manicuras e cabeleireiras ficaram por alguns segundos estáticas. Voltamos nossa atenção para aquela mulher sentada na cadeira de uma das manicuras. Parecia mais um monólogo que uma discussão. Todas atentas. A mulher continuou sua explanação, dizendo que era totalmente a favor da cirurgia plástica como forma de rejuvenescimento e que a auto-estima chegava no seu ápice e concordava que era fundamental para os relacionamentos, mas e o interior, a nossa alma, como faríamos uma cirurgia em nossos conceitos, perdas sentimentais, desejos frustrados, fantasias não concretizadas e principalmente, o romantismo, que se perde a cada geração, devido a pressa e a busca pela perfeição corporal. Alertou sobre a ditadura da beleza, influenciada pela mídia, a qual somos atiradas de uma cor a outra ou um modelo de roupa para outra, como se fossemos manequins de uma vitrine na loja da vida. Citou o PIB (Padrão Inatingível de Beleza) e a sociedade narcisista, onde a beleza corporal passou a ser uma ética ou valor moral. Criticou a falta de conscientização de muitas mulheres, de que não somos bonecas Barbies, somos humanas e que não existe a perfeição, pois temos uma beleza particular a ser explorada.
Bem, depois de toda essa oratória, restou uma pequena salva de palmas e logo em seguida voltaram ao papo sobre a cirurgia plástica corporal sem dar muita atenção para o Workshop sentimental daquela mulher. Quanto a mim, passei o dia inteiro com aquelas palavras martelando a minha cabeça. Havia ali no salão duas posições, que eram ambas corretas, mas me fez divagar que estamos perdendo as emoções para os sentimentos de vaidade e soberba.  E você amiga?

Um comentário:

L.E. Volpe disse...

Ótimo texto, enquanto li, lembrei do clipe da Beyonce Pretty Hurts e nele, ela diz claramente que é a alma que precisa de uma cirurgia. Muito bom! Beijos