21 de fevereiro de 2009

O ASSASSINO QUE ASSASSINA MUITA GENTE



O assassino que assassina muita gente
É diferente
Do assassino que assassina pouca gente

O assassino que assassina muita gente
À primeira vista, parece um ser distinto,
De estirpe, elegante e sorridente
Nem parece que é um assassino que assassina muita gente

O assassino que assassina muita gente
Veste-se bem, fala bem e apregoa o bem
É bem educado, é saudável, rosado, vive muito bem
Ele quase sempre consegue ser convincente
E assim vai, cada vez mais, assassinando mais gente

O assassino que assassina muita gente
Usa como armas o papel e a caneta
Se protege, e se esconde, atrás de uma mesa e cadeira
Sob o ar refrigerado
De um gabinete acarpetado
De onde ele assassina muita gente

O assassino que assassina muita gente
É tratado com toda a formalidade
Que merece alguém com tanta notoriedade
É chamado de senhor, doutor, autoridade,
À ele dispensa-se o tratamento de vossa excelência
em nível municipal, estadual e até federal
E quando ele ascende ao posto de presidente
É justamente quando ele assassina muito mais gente

Alguns crêem saber qual é a figura
do assassino que assassina muita gente
Mas a cor, o cheiro, o tamanho e a forma
do assassino que assassina muita gente
São indefinidas
O que apenas se sabe sobre eles
É que eles assassinam muita gente.

Já o assassino que assassina pouca gente
É sujo, feio, maltrapilho, mal cheiroso e amendrontador
Não tem onde morar, não tem amigos nem futuro
Já o outro, o assassino que assassina muita gente,
É séptico, cético, dispéptico e mimético
É a excrescência de uma nação indolente

Por isso o assassino que assassina muita gente
segue, impunemente, assassinando cada vez mais gente

Nenhum comentário: