14 de novembro de 2006

UM POETA QUE DESFOLHOU A BANDEIRA



No último dia 9 completou-se 62 anos do nascimento do poeta piauiense Torquato Neto, um dos maiores nomes do movimento tropicalista. Um jovem que foi jornalista, poeta, compositor e crítico musical; mas o que ele sempre quis ser era cineasta. Quis e não conseguiu. Teve problemas com o alcolismo, com a frustração de não ver realizados seus desejos e com a situação política e social do Brasil. Quase inacreditavelmente, na madrugada seguinte ao aniversário de 28 anos, Torquato se suicida em seu apartamento no Rio de Janeiro. Aqui vai um trecho do suscinto bilhete de despedida:

"... De modo q FICO sossegado por aqui mesmo enquanto dure. Ana é uma SANTA de véu e grinalda com um palhaço empacotado ao lado. Não acredito em amor de múmias e é por isso que eu FICO e vou ficando por causa de este amor. Pra mim chega! Vocês aí, peço o favor de não sacudirem demais o Tiago. Ele pode acordar."

É uma pena que um poeta tão talentoso tenha posto fim à própria vida; é uma pena que a mídia ignore solenemente sua participação fundamental no tropicalismo e na MPB de uma forma geral. Mas, aos poucos, esse grande gênio está sendo resgatado. Uma prova disso são as suas biografias:


E suas letras musicadas por vários artistas de vários segmentos da música popular brasileira. Bem, antes tarde do que nunca. Esse é um piauiense em que me vejo como reflexo, do qual tenho orgulho de chamar de conterrâneo e que me influênciou profundamente. Sua obra e sua memória tão cedo não será esquecida.

Você me chama

Eu quero ir pro cinema

Você reclama

E o meu coração não contenta

Você me ama

Mas de repente a madrugada mudou

E certamente

Aquele trem já passou

E se passou

Passou daqui pra melhor, foi

Só quero saber

do que pode dar certo

Não tenho tempo a perder

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